Foto Improvável

O carro branco, coberto de barro, seguia pela estrada de chão esburacado.  Curva após curva mais e mais terra se juntava na lataria enquanto eu vagava atrás de uma fazenda de cacau onde deveria encontrar a equipe vinda de São Paulo.
Por um problema de comunicação, eu só tinha duas informações a respeito do meu destino:
1 – Ficava em Jaguaquara, uma cidade no interior da Bahia.
2 – O nome do proprietário era Henrique.
Nesse mesmo dia, a seleção brasileira entrou em campo contra o México às 11:00 da manhã e antes do início do jogo eu já estava na região agrária numa saga por fazendas de cacau,.
Acompanhei pedaços do primeiro tempo pelo rádio nas idas e vindas do sinal da estação que cismava em sumir quando eu entrava num vale e para piorar minha situação todos a quem eu perguntava, me diziam que na região não havia Cacau.
Num barzinho de estrada, parei para o almoço.  A comida simples, muito bem preparada e em quantidade maior do que eu precisava foi a desculpa para que eu assistisse ali ao segundo tempo do jogo.  Cheguei logo depois do primeiro gol e saí antes do segundo, mas num posto de gasolina próximo, recebi informações importantes a respeito da região cacaueira aonde conseguiria chegar em 45 minutos.
Sem demoras parati para o lugarejo de Itaúba por mais uma estrada de terra onde os buracos e a lama eram abundantes.  Segui assim por aproximadamente uma hora, perguntando aqui e ali por fazendas de cacau.  Sentia que cada vez estava mais perto de encontrar o que procurava.
Numa baixada, me deparei com as primeiras folhas dos cacaueiros de uma propriedade localizada a esquerda da via.  Mais a frente, já sem esperanças de encontrar a tal fazenda do Henrique, conversei com um grupo de pessoas que para minha surpresa conheciam quem eu estava procurando.  Um deles se prontificou a me mostrar o caminho e seguiu de moto na frente.
Mais buracos, mais barro e 20 minutos depois eu chegava à fazenda junto com os últimos raios Sol do dia para constatar que o restante da equipe partira há duas horas.
Henrique se espantou com minha chegada tardia e sem poder me acompanhar para uma visita pela propriedade, pediu que seu filho Elias me fizesse as honras.  Elias é um adolescente muito bem articulado e informado.  Ele mora na remota fazenda Ouro Fino, mas está super conectado com as novidades tecnológicas e se interessou muito pelo meu drone.
Sob a sombra da floresta não havia imagens interessantes a serem garimpadas, então sem mais perder tempo subi o drone e naquele curto espaço de tempo fiz uma das mais bonitas imagens aéreas de toda a viagem: os cacaueiros sob a sombra dos pés de Açaí.
Naquele.dia voltei para a pousada com o senso de dever cumprido. Foi dificílimo encontrar a fazenda e improvável fazer uma boa foto com tão pouco tempo, mas eu consegui.
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